segunda-feira, 8 de março de 2010

Então vamos largar de preguiça e começar isso aqui logo, né?
Emails devidamente respondidos, fotos enviadas, noticias dadas. Depois de fazer isso pra tanta gente percebi que se esse blog já estivesse pronto há mais tempo esse trabalho teria sido feito de uma vez só. Poxa, bacana demais, não? E ainda servirá como um diário pro futuro, quando esses momentos começarem a se perder no caos da minha memória (se bem que acho que isso já está acontecendo...). Mas tenho que confessar que apesar da boa e antiga intenção de criá-lo, ele só saiu mesmo por uma boa pressão da minha mãe, haha ("Já fez o blog?" "Já arrumou nome pro blog?" "Cadê o blog? Enrolada!").

Quase um mês aqui já... Passou rápido? Demais. Dá até uma ansiedade em ficar pensando nisso... Será que vai dar tempo de visitar muitos lugares, conhecer muitas pessoas? Tenho que aproveitar ao máximo esse sonho de menina. Me explico. Desde que me entendo por gente eu sempre tive essa vontade imensa de fazer uma viagem assim bem bacana e bem longa pra outro país (né, Má?). Nunca rolou, provavelmente pelos motivos certos, mas que nunca me convenceram ou me fizeram desistir.

Até um belo dia de verão (sei lá se era mesmo verão) o Adriano (sempre) surge com a idéia de fazer um intercâmbio pela UFOP mesmo. Esse intercâmbio eu já conhecia de nome e de ex-intercambistas, mas nunca tinha procurado saber. Talvez porque imaginasse que seria muito difícil, ou talvez porque simplesmente não fosse a hora ainda. Ou porque faltasse a companhia certa. Bom, esse problema pelo menos já estava resolvido. Adriano (Camofo!), companhia certeira.

Vou poupar a todos e a mim a labuta de relembrar os chatos momentos de papelada e burocracia para conseguirmos tudo e a ansiedade que passamos por não recebermos resposta alguma, por muito tempo. Afinal, tudo acabou dando certo e eu já estou aqui. Agora é só alegria.

Também nem falo da quase eterna busca por apartamento. Já passou e tenho certeza que nosso “piso”, carinhosamente chamado de Chocolaaaaate , será palco de muitas diversões. Somos cinco: eu, Tati, Adriano – ufopenses – Guilherme – gaúcho, como mais um monte por aqui – e Francisco – chileno que agüenta a gente falando em português quase o dia todo, sobre assuntos num portugês garrado de acompanhar.




Uma coisa que não vou poupá-los, por outro lado, é a minha epopéia no aeroporto de Madri. Essa eu faço questão de contar, porque foi muito, muito péssimo pra mim. O que significa que poderá servir de lição pra alguém aí. Bom, depois de choros e abraços no aeroporto de BH (tenho uma boa anedota sobre esse dia também, mas vai ficar pra um post futuro) embarquei às 15 e pouco pra SP. De lá meu voo (não tem acento mais não, né?) saia para Madri às 21. Algumas looongas horas de espera, mas um pouco mais confortáveis do que tantas que já passei por rodoviárias por aí. Este voo deveria chegar em Madri às 10:30, onde tomaria o voo de 11:50 pra Sevilla e seria feliz. Não fui. E não fui porque o boing da Iberia atrasou importantissimos 20 minutos. Logo na saída do avião já tinha muita gente deseperada correndo pra tentar chegar a tempo em suas respectivas conexões. Só tem um problema (mais um): o aeroporto de Madri é tão grande que você precisa pegar um metrô pra ir de um lado a outro. No meio dessa correira toda, uma fila absurdamente enorme na imigração, passar por N detectores de metal, retirar os sapatos umas duas vezes (tem que tirar para fazer o embarque!!!), é claaaaro que eu não cheguei a tempo. Mas antes de qualquer piadinha infame sobre meus habituais atrasos, atenção: a culpa (dessa vez) não foi minha. Outros tantos 20 brasileiros também não conseguiram chegar a tempo. Eram 12:05 quando consegui chegar ao portão de embarque (lembram de quanto tempo o voo atrasou? Pois é). E aí começou o pesadelo. O próximo voo só sairia às 20:50. E teria que desembolsar pesadíssimos 75 (1 euro = 2,50 e pouquinhos reais) euros como multa pra remarcar o bilhete! Bom, como havia de ser, a brasileirada se reuniu e foi reclamar.

Fomos extremamente destratados e mal-recebidos. Os funcinoráios alegavam que não podiam fazer nada por nós. Vá lá, pode até ser. Mas nada, nada justifica os maus-modos do bando. O gerente da companhia disse a uma das funcionárias na nossa frente que se recusava a fazer qualquer coisa, que a empresa não iria assumir os erros de terceiros. E a responsabilidade objetiva?? O voo chegou atrasado, não havia tempo hábil para fazermos a conexão que a propria companhia havia determinado. A loucura que foi para tentarmos reaver nossas malas, gente sem dinheiro para pagar a multa de remarcação, tentativas infrutíferas e caríssimas de ligar pra casa, pra Sevilla. Eu juro; se nessa hora alguem me oferecesse um bilhete de volta pro Brasil eu aceitava. Foi um pesadelo, de verdade. Desses que a gente ouve falar muitas vezes e pensa que é exageiro de quem gosta de reclamar de barriga-cheia ("pô, tá ruim mas pelo menos tá voando de avião! pior sou eu que vivo em onibus atrasado!")... Mas a sensação de incapacidade por ser estrangeiro (mesmo com visto de estudante) em um país que há tempos tem problemas com brasileiros foi barra demais. E ser recebido assim sem sequer poder dizer "vou te processar por danos morais E materiais, seu b****!" sem um sotaque que entregue a brasilidade é uma droga.

O que resolvemos dessa história? Não sei dos outros brasileiros, nos perdemos dentro do sétimo círculo daquele aeroporto maldito. Eu desisti de bater testa com a loura extra-maquiada do guichê de reclamações (que é o lugar que existe pra que eles reclamam sobre você) e fui comprar meu novo bilhete. Mas só Deus deve saber porque, porque!, resolveram de uma hora pra outra que o valor da remarcação deveria subir pra 120 euros! (devem ter incluido uma taxa extra pelo saco-cheio que ficaram. Merecem) E não sei como/quando/onde nem porque, mas de repente surgiu um aviso que sempre aparecia no meu bilhete quando um funcionário o checava no computador: "causou atraso de 30 minutos ao voo com destino a Sevilla". Tem base??? APAAAA!

Lição do dia: NÃO VOEM IBÉRIA! O atendimento só não é tão ruim quanto a comida. E a televisão fica em preto-e-branco quando tem turbulência (se alguem aí fez as contas, descobriu que gastei umas 30 horas nessa brincadeirinha de anac)

Voltando para as boas histórias, cheguei ao apartamento da Louise, gente finíssima que o Adriano teve a grande sorte de conhecer. No apartamento, só alunos estrangeiros da Universidad de Sevilla: Louise, Camila (Cacá!) e Singrid, paulistas ótemas, "meu!". Alex e Thomas, alemães divertidos e a Carmem, austrica caladinha mas engraçadinha. Eles são a família "Cucarachos". E nós acabamos virando "os primos de Minas". Fomos adotados por eles durante uma semana engraçadissíma, estressante, e que voou mas custou a passar.


A cidade, como eu não me canso de dizer, é um espetáculo.
A sensação que tenho ao andar pelas ruas centrais, pelas construções, infelizmente não consigo transmitir. O Adriano bem sabe, não perco uma chance de expressar, de comparar com outros lugares, com outras sensações. Mas não adianta. Isso eu não vou poder dividir com vocês.
Mas pelo menos posso mostrar, e a imaginação de vcs completa meu trabalho. Ao longo dos proximos meses vou mostrando pra vocês como é viver aqui, como a cidade é rica em detalhes, que me deixam fascinada. E é por isso o nome do primeiro post: "Detalles en un color especial".






Agora vou ficando por aqui, senão conto tudo de uma vez e vocês não voltam mais depois, hehe.
Beijo!